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Ibovespa fecha com maior alta diária em um mês; apenas oito ativos recuam

Bolsas dos EUA fecharam mistas com cautela dominando cenário; dólar desce 0,03%

O Ibovespa interrompeu hoje uma sequência de quatro quedas, ao fechar com ganhos de 1,31%, aos 136.110,73 pontos, avanço de 1.757,25 pontos, maior alta em um só dia desde 9 de agosto, quando subiu 1,52%. Com isso, o índice também vira para positivo tanto na semana quanto em setembro, com 0,08%, afastando pelo menos por ora o mau momento.

O dólar comercial oscilou muito durante o dia até conseguir uma recuo curto de 0,03%, a R$ 5,64. Já os juros futuros (DIs) recuaram com consistência por toda a curva – os vértices acima de 25 recuaram mais de 1%.

As notícias e projeções seguem positivas no Brasil. Os estrategistas do Bank of America (BofA) mantiveram exposição overweight (equivalente à compra) em Brasil dentro da carteira de América Latina. “No futuro, achamos que o Brasil pode ser um beneficiário de taxas globais mais baixas”, avalia o banco.

Produção industrial e exterior

Hoje, o dado mais importante foi sobre a produção industrial brasileira de julho que, se caiu 1,4% mês a mês, após alta de 4,3% (revisada para cima) de junho, em relação a julho de 2023, teve crescimento significativo de 6,1%. No ano, acumula alta de 3,2% e, em 12 meses, expansão de 2,2%.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, disse que, “apesar do resultado negativo, esse recuo reflete em parte a correção após a rápida recuperação dos impactos climáticos no Rio Grande do Sul em junho e, ao analisar a composição dos dados, observamos que mais atividades apresentaram crescimento do que retração, sendo as que registraram queda têm um peso significativo na estrutura industrial, o que contribuiu para o desempenho negativo geral”. Ainda assim, olhando à frente, o economista projeta que o setor permaneça “relativamente positivo neste ano” e vê um crescimento de 2,5% para a produção industrial brasileira em 2024.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, concorda: a produção industrial “continuará andando de lado daqui para a frente, alternando meses de resultados positivos com outros negativos. Mesmo assim, o setor deve fechar o ano com um crescimento de cerca de 3%”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou hoje que o Brasil está crescendo com inflação baixa, afirmando que o país tem condições de obter novamente o grau de investimento. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, foi mais uma integrante do alto escalão do governo do presidente Lula a comemorar o desempenho da economia brasileira. “Todas as estimativas dos ministérios mostram que o Brasil não tem como crescer menos de 2,8%. A nossa projeção bateu 2,9%. A Fazenda está mais conservadora, falando em 2,7% e 2,8%. Mesmo que o setor da indústria compareça menos [no segundo semestre], temos condições de crescer próximo a 3%”, projeta. Economistas entendem que, sim, o Brasil pode fazer o hat-trick e crescer 3% pelo terceiro ano seguido.

Lá fora, novas quedas, mas dessa vez em um dia de oscilações. Ontem, Nvidia ajudou a derrubar os principais índices em Nova York. Hoje, além da queridinha de IA, os investidores olharam os dados econômicos, que se mostraram mistos. A abertura de postos de trabalho dos setores não-agrícolas nos EUA teve ligeiro recuo entre junho e julho, 7,910 milhões para 7,673 milhões, de acordo com o relatório Jolts, mas o dado de junho teve uma revisão para baixo. E as encomendas à indústria tiveram uma forte alta. A economia está forte ou está caminhando para uma desaceleração? A pergunta segue no ar, antes da próxima reunião do Federal Reserve este mês e antes do payroll de agosto, que sai sexta-feira (6) e é o mais importante relatório sobre o mercado de trabalho dos EUA.

Vale e Embraer sobem; só oito ações caem

No campo das ações, não tinha como o Ibovespa cair, já que apenas oito ativos fecharam no vermelho. Jogo rápido, o que dá para contar nos dedos: IRB (IRBR3) puxou a fila, com menos 6,27%; 3R (RRRP3) perdeu 3,22%; Caixa Seguridade (CXSE3) caiu 2,69%; PRIO (PRIO3) desceu 1,31%, repercutindo dados de produção; LWSA (LWSA3) recuou 0,22%; Assaí (ASAI3) ficou com menos 0,20%; e São Martinho (SMTO3) caiu 0,07%.

Ainda teve Petrobras (PETR3), que perdeu 0,38%, enquanto (PETR4) ficou com mais 0,03%, diante de mais uma queda consistente do petróleo internacional.

O resto, só alegria.

Vale (VALE3) ficou longe da máxima do dia, mas subiu 0,78%, em dia de pagamento de JCP bilionário.

Os bancos tiveram um dia consistente: BB (BBAS3) ganhou 1,08%, Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 0,70% e Santander (SANB11) valorizou 0,99%. O Bradesco (BBDC4) ficou com mais 0,76%, com mercado elevando otimismo para a ação. B3 (B3SA3) terminou com mais 3,29%.

Embraer (EMBR3), a mais negociada do dia, decolou 5,79%, com a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo com US$ 10 trilhões sob gestão, adquirindo ações da companhia. A Azul (AZUL4) conseguiu a segunda alta seguida, com 1,23%, e chegou a voltar aos R$ 5, mas fechou com R$ 4,92.

Os frigoríficos dispararam, especialmente Marfrig (MRFG3), com alta de 7,46%, ao unir suas principais marcas com a BRF (BRFS3), que subiu 4,21%. Mas Minerva (BEEF3), com alta de 3,78%, e JBS (JBSS3), com mais 1,54%, aproveitaram o embalo.

Nesta quinta, os EUA divulgam mais dados sobre o mercado de trabalho (ADP e seguro-desemprego semanal), enquanto os investidores no Brasil buscam se equilibrar entre as boas notícias aqui e a cautela lá fora. (Fernando Augusto Lopes)

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